Albuquerque Mendes (Trancoso, Portugal) é um artista português que pertence à linha da frente dos artistas que surgiram durante o período entre meados da década de 1970 e meados da década de 1980. A pintura, a performance e a instalação cruzam-se num corpus de obras que continuamente questiona ironicamente os contextos da história de arte e alguns dos mitos iconográficos da cultura e da sociedade portuguesa. As suas performances são habitualmente rituais reminiscentes das procissões e outros acontecimentos, tanto religiosos como profanos, que fazem parte da cultura popular portuguesa. As suas pinturas podem ser divididas entre temas e géneros, que recorrem ao longo do seu trabalho. O auto-retrato, os retratos de raparigas e soldados, vasos com flores, paisagens, assim como situações explicitamente sexuais, dominam uma obra pictórica que utiliza referências e o reconhecimento de diversas gramáticas características da história da arte do século XX tais como a colagem, a pintura expressionista, a linguagem do movimento "Fluxus", etc.
Tendo pertencido ao "Grupo Puzzle", fundou no Porto, em meados da década de 1980, em conjunto com Gerardo Burmester, o "Espaco Lusitano", um espaço dinâmico para a revelação de jovens artistas.
Na década de 1990, o artista produziu pinturas cada vez mais escassas, em que a composição é quase abstracta, por vezes, na contenção da sua figuração e na intensidade da sua representação. Toda a obra de Albuquerque se encontra actualmente condensada numa oferta pictórica na qual o corpo do artista se mistura com o corpo da sua obra, a frente e o verso de um vasto trabalho que encena a sua própria dramaturgia, aproximando-se do espectador, da teoria da arte e da teoria da vida que, nas suas pinturas, se unem num desafio permanente.
